O Teodoro completa amanhã 1 ano e 2 meses, e pra algumas pessoas é muito cedo pra estabelecer alguns limites (minha mãe é uma delas ;-), sempre que repreendo o Téo tem alguém pra dizer "
Coitadinho, ele não entende". Primeiro devo dizer que sim, ele entende perfeitamente. Sabe exatamente quando tá fazendo arte, tanto que já tá naquele fase "tá em silêncio, tá aprontando".
No final de semana anterior à Páscoa vivi a cena mais clássica: disse pra ele não mexer numa caneca que estava sobre a mesinha de centro, ele parou, tirou a mão e me olhou. Disfarçadamente ele olhou para o lado oposto e foi levando a mão até a caneca. Eu firme repeti "Não mexe na caneca da mamãe". Aí começou a novela, ele fez mais umas 15 vezes, sem exagero. Em todas as vezes eu repetia que não era pra ele mexer, em suas diferentes variações: "Não mexe na caneca da mamãe" "A mamãe já disse que não é pra mexer" "Téo! Não mexe na caneca!". Lá pela 15ª vez segurei a mão dele e pedi pra ele olhar pra mim, não gosto de falar com ele sem olhá-lo nos olhos, acho que assim ele entende melhor e pode aprender também as expressões. Não adiantou. Dei um tapa na mão dele, aí sim ele me olhou e pude repetir pela 16º vez "Não mexe na caneca". Aí o berreiro foi grande....
Alguns devem estar pensando: "Porque ela simplesmente não tirou a caneca dali?"
Eu respondo: penso que são essas oportunidades de estabelecer os limites, são nesses momentos que podemos deixar claro para a criança que existem coisas e lugares que não se pode mexer. Aqui em casa cobrimos as tomadas, é claro, mas nada de ficar pendurando tudo no teto. Conheço gente que simplesmente mudou a decoração da casa por conta dos filhos, só faltou colocar cadeado nos armários. Será que o Teodoro não precisa saber que não deve mexer em certas coisas?
Outra questão polêmica: tapa na mão. Não sou a favor do espancamento infantil, mas também não sou contra a palmada. Acho sinceramente que algumas crianças saem de controle de forma que "precisam" (verbo forte e talvez não seja isso, mas não consigo substituir) serem chamadas a atenção dessa forma. Como no que fiz com o Téo, o tapa que dei na mão dele foi pra que ele me olhasse. Não foi nem pra machucar, nem sequer pra doer. Ele já sabe que quando vou dar uma bronca exijo que me olhe e por isso desviava o olhar. Espero não precisar nunca ter que chamar a atenção dele dessa forma novamente. É inclusive por isso que desde cedo pretendo estabelecer limites para ele.
Mais uma: é cansativo. Na verdade é um teste de paciência. As crianças, assim como qualquer mortal, só vão conhecer o limite de algo vivenciando. Então é normal que ele "tente"; pra ter certeza da resposta ele vai tentar novamente, e de novo, e de novo, e de novo. Cabe aos pais não titubear. Acho crucial. Lembro de que quando era pequena ficava "chocada" de ver como meu pai e minha mãe diziam a mesma coisa. Foram poucas as vezes que um desautorizou o outro (mesmo separados). Isso me fazia entender rapidamente o que podia e não podia. Obviamente não me impedia de tentar mais umas milhares de vezes hehehehe. O Teodoro nesse quesito parece incansável!
Voltando ao início: "Ele ainda não entende!". Pensem comigo: todos concordamos que crianças bem pequenas entendem as frases: "Tu quer uma bolacha?" "Quer água?" Então porque ele não entenderia "Não mexe aí!"?
O meu esforço ( e do Cris tb) é para que o Teodoro compreenda que existem coisas que podemos e devemos fazer e outras não. Sempre de forma muito clara, e por isso desde cedo. Nas pequenas coisas vou dizendo ao Téo o que não se deve fazer, e com o tempo espero que ele entenda os porquês.
Pode até parecer exagero, mas acho que é a partir da noção de que não deve mexer na gaveta dos talheres e essas pequenas coisas que ensinamos conceitos mais amplos como respeito. Nesse momento a criança aprende a respeitar o que não é seu, entender que o mundo em que vive é compartilhado com outras pessoas. E isso não pode ser deixado pra depois. Se o Teodoro começar a entender desde cedo talvez eu não precise daqui há alguns anos ir até a escola porque ele depredou uma classe ou riscou a parede (exceto se ele estiver realmente querendo chamar a atenção...).
Mas de antemão aviso às futuras mamães: é uma tarefa hercúlea!!! As vezes tenho a impressão de passar o dia todo dizendo não ao Teodoro, e não foram poucas as vezes que tive que vontade mesmo é de encher ele de beijo, afinal, olha que carinha mais fofa!!!
Sejamos persistentes, é pelo bem deles ;-)