quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Segurança nos passeios: ÓBVIO (parte II)

Sim, o pai do Téo existe, e aparece por aqui de vez em quando (não por falta de vontade, apenas por falta de tempo hábil para postagens mesmo). Porém quando a discussão é calorosa como essa, me sinto na obrigação de deixar minha contribuição para o blog do Teozinho.

A questão é: nenhum ser vivo, jamais deveria andar num automóvel sem o cinto de segurança. Trabalho com segurança da informação e vejo que, assim como no mundo digital, no mundo real os problemas são os mesmos e se resumem a uma única palavra: USUÁRIO.

Vejo as empresas investindo milhares de reais para aplicar firewalls e suites de segurança no perímetro de suas redes, treinando seus colaboradores para terem o máximo de cuidado no uso de mensagens eletrônicas, etc (e aqui, me perdoem o papo chato de TI). Mas adivinha??? O usuário acaba de abrir um arquivo anexo de um remetente que ele desconhece, de uma mensagem a qual ele não estava esperando, de um idioma o qual ele não domina que veio com o assunto: "Enlarge your pennis now". E na ligação para o suporte ele nem imagina por que sua máquina ficou lenta de repente. De quem depende a segurança? De que adianta o investimento?

Transferindo esse pequeno drama do mundo empresarial para o trânsito nosso de cada dia, imagine que um problema de saúde pública foi detectado: morrem muitas pessoas em acidentes de trânsito, principalmente crianças. Então as empresas automobilísticas gastam fortunas em pesquisas e testes para densenvolver diversos equipamentos de segurança, como freios ABS (que nem todos podem ter), airbags (que nem todos podem ter), cintos de segurança (que todo o carro obrigatoriamente tem), entre outros acessórios. O governo então, obriga as pessoas a serem habilitadas para poderem transitar com seus veículos, incluindo procedimentos de segurança, mecânica e primeiros socorros (além das leis de trânsito, é claro), para que o usuário possa obter carteira de habilitação, mas adivinha??? O usuário, neste caso, o motorista, às vezes possui um único item de segurança no seu veículo que é o cinto, mas ele NÃO USA. Já a cadeirinha para os filhos, ELE TAMBÉM NÃO USA. Repito: De quem depende a segurança? De que adianta o investimento? De quem é a culpa?


Já existem assentos até para cachorros transitarem nos automóveis, o que se dirá então das crianças. O que mais me surpreende nessa falsa "polêmica" é que já vi por diversas vezes as pessoas em tom de lamento: "Pois é, agora é lei, têm que ter cadeirinha no carro, temos que providenciar uma né benhê?!". Ou seja, se não fosse lei??? Mas não, o surpreendente não é só esse pensamento, o surpreendente é que essas mesmas pessoas, zelam muito pelas suas crias nas mais diversas situações, evitando que elas peguem um resfriado, ou abrindo cadernetas de poupança para os pequenos usarem futuramente, por exemplo. Mas quando chega na questão "trânsito caótico e suicida", por algum motivo elas esquecem o papel de "protetores" e por uma razão que sinceramente desconheço, ignoram as estatísticas e passam a agir de maneira infundada no que se refere a segurança dos pequenos. A essas pessoas meus mais sinceros votos, para que seus filhos possam desfrutar dessa saúde ou dessa poupança futuramente, torço sinceramente para que eles cheguem lá, mesmo com sua atitude irresponsável. Acidentes acontecem, e não são raros. Mas poderíamos considerar um "acidente" uma criança voar pelo parabrisas de um automóvel, com todas as opções que temos para prover-lhes segurança? Tenho minhas dúvidas, mas tendo a achar que isso não é acidente e sim homicídio (notem que nem todo homicídio há a intenção de matar).

Há algumas semanas atrás, estávamos eu e a Sherol parados no sinal vermelho. Trajeto Porto Alegre - Canoas, final de tarde, cansados do trabalho, loucos para chegar em casa e encher as bochechas do Téo de beijos. Quando o sinal abriu para nós, cruzou na nossa frente numa velocidade considerável, um rapaz (aparentando lá uns 25 anos); ele com o cinto de segurança é claro, pois "ele não é bobo", com uma menina sentada no seu colo ao volante. Ela sem o cinto. No banco de trás, uma criatura que sabe-se lá era a mãe da criança ou não, não importa. Também não importa se ele era ou não o pai, pois sua atitude já diz muito sobre sua "paternidade". A grande questão é: se eu acelero naquele exato momento e acabo "causando" ou melhor, me envolvendo num grave acidente que levasse ao falecimento daquela menina, seria realmente isso um acidente? Indepedente da sua avaliação sobre este caso, pense nas duas situações, pense num pai que arriscou a vida da sua filha e perdeu, e pense na minha situação, voltando para casa tranquilamente, fazendo tudo como manda o figurino e poderia ter involuntariamente tirado a vida de uma inocente. Como eu poderia colocar a cabeça no travesseiro e dormir tranquilamente, independente de ter ou não culpa?!


A impressão que tenho é de que hoje, com a nova lei, aquele mesmo "pai" tem como pensamento: "Não vou usar a cadeirinha para proteger meu filho, vou usar a cadeirinha para não levar multa". Bom, só o que me resta é pedir encarecidamente: reflita sobre o que é mais importante para você, e procure rever suas atitudes no trânsito. Felizmente ou infelizmente, não estamos sozinhos nesse planeta, e para que o todo seja completo, você precisa também fazer a sua parte.

Na pior das hipóteses, avance o sinal vermelho bem longe lá de casa ;o)

Nenhum comentário: