Desde que descobri que estava grávida transformei-me numa esponja de informações sobre pré-natal, e um dos tópicos mais recorrentes em minhas “pesquisas” e conversas é sobre a hora do parto.
De fato, esse é o momento mais aguardado de toda a gestação e também o mais comentado pelo mundo afora. Todas as mulheres que já foram mães têm boas ou más experiências para relatar sobre esse momento. Mas o principal ponto de discussão é a “dor do parto”, que é um mito que perdura há gerações como a “pior dor que existe”. Mas será??
Não estou bem certa de que não sentir dor seja o melhor caminho. Usando um critério bem racional e simplista poderíamos pensar no seguinte: se a dor é tão terrível assim nenhuma mulher teria o segundo ou terceiro ou vigésimo filho como vemos por aí! Os céticos me diria: nem todas podem evitar a gravidez. E eu respondo: se doesse realmente de maneira insuportável até a abstinência seria utilizada!
Eu posso dizer seriamente que a dor não é algo que me preocupa. Muitas mulheres antes e depois de mim puderam suportar, porque eu não posso? Minha mãe, minhas avós, minhas bisavós, todas tiveram mais de um filho e no caso das mais anciãs, em condições muito menos favoráveis do que eu, sem tecnologia e conhecimento algum a respeito do que acontecia com seus corpos.
Eu não só posso, como quero parir o meu filho de forma natural. Acredito que num mundo cada vez mais frio e “tecnocrático” o nascimento de uma criança nos faz lembrar o quanto ainda somos humanos.
Obviamente, tem bastante gente “na volta” que acha que o melhor seria fazer uma cesariana, marcar dia e hora “mais conveniente” para ter meu filho. Discordo completamente desse tipo de opinião, primeiro porque cesariana não é parto, é um procedimento cirúrgico, que envolve todos os riscos de uma cirurgia. Além disso, não me sinto nada confortável em saber que existe alguma técnica capaz de fazer metade do meu corpo simplesmente parar de funcionar.
Pense da seguinte forma: depois de um dia cansativo no trabalho, tu chega em casa com uma dorzinha de cabeça, o que tu faz? Corre e te interna num hospital para tomar uma anestesia geral e verificar se não tem um tumor maligno alojado no cérebro ou pensa que pode ser um processo natural de cansaço do corpo, toma um belo banho, come uma coisa gostosa e vai dormir?
Entendeu o espírito d coisa? Pra mim o nascimento é algo natural e deve ser tratado dessa maneira, não é uma doença, não requer intervenção.
Sobre a cesariana só posso dizer que acho ótimo que exista, assim como existem os transplantes, ambos procedimentos de urgência, não primeiro recurso. Imaginem que ao invés de parar de fumar as pessoas trocassem de pulmão???
Estou curtindo demais minha gravidez. Estou descobrindo a cada dia o quanto a natureza é sábia e nossos corpos são sagrados e perfeitos. Isso me dá força para gritar bem alto: SIM, EU VOU PARIR MEU FILHO!!!!
Para completar esse post, vou incluir aqui um texto que acho divino a respeito do parto, desde que li me identifiquei de cara.
"Porque esse é o meu [último] filho, e eu preciso experimentar o que o meu corpo pode.
Quero sentir meu filho passando através da minha bacia, abrindo meus ossos, fazendo eles quase quebrarem pela força do meu filho dentro de mim.
Quero sentir meu filho descendo e encaixando sua cabeça nas minhas entranhas, milímetro a milímetro, como se estivéssemos dançando um tango emocionante, onde cada passo fosse totalmente calculado para o resultado perfeito.
Quero sentir minhas mucosas cedendo espaço e esquentando a cada contração, quero sentir meu filho passando pelo mesmo lugar por onde ele entrou.
Quero me sentir mais perto de Deus, ao ser capaz de produzir uma vida e colocá-la de forma segura neste mundo.
Quero sentir meu útero se contraindo com força, porque eu sou mulher e eu me sinto muito orgulhosa de poder gerar, gestar, parir e alimentar uma criança e se eu não vim no mundo para isso, eu não sei exatamente então o que eu vim fazer aqui.
Quero sentir cada contração como se fosse o sopro de Deus direto para dentro do meu corpo, fazendo cada célula do meu corpo tremer com a energia desse evento.
Quero que meu filho sinta cada uma dessas contrações como se fosse um abraço forte que eu dou a ele, e como se Deus pessoalmente o estivesse embalando.
Quero que ele perceba que algo importante e grandioso está para acontecer na vidinha dele. Quero que ele confie em mim para o resto da vida, como sendo aquela pessoa que lhe deu a vida e o colocou em segurança para fora do finito espaço uterino. Quero que ele confie nele mesmo para sempre e saiba que com esforço e perseverança ele consegue o que quiser. Quero que ele
saiba para sempre que eu e ele juntos, com o apoio do pai dele [e a torcida do irmão,] podemos tudo, que não há limitação para a nossa força!
Quero provar a mim mesma que sou uma pessoa capaz, que meu corpo não é meu inimigo, pelo contrário, que ele é meu amigo, meu companheiro, meu templo e meu porto seguro. [Quero recuperar tudo o que perdi e o que me roubaram quando tive bebê pela primeira vez.]
Quero me sentir poderosa, forte, vitoriosa, criativa, emotiva, grande, bonita, durante o parto e para sempre. Quero que meu filho nasça e venha imediatamente para o meu colo, para os meus braços, para os meus lábios, para as minhas mãos, para os meus peitos, e para isso preciso ter um parto natural.
Quero que meu filho nasça em paz, sem dor, sem ser arrancado das minhas entranhas porque eu não me esforcei o suficiente. Quero que, se as intervenções forem necessárias, elas só o sejam porque eu fiz tudo o que estava ao meu alcance para evitá-las.
Quero que meu filho nasça livre de drogas, e que assim permaneça por toda a vida, para que ele possa sentir sempre a beleza da vida de cara limpa, de pele limpa, de olhos limpos. Quero que ele se sinta calmo e seguro, por estar sempre nos braços meus ou seus, ouvindo minha voz ou a sua, e não fique sozinho chorando num berço aquecido, sem um único som familiar para se acalmar.
Quero sentir-me mais capaz quando tudo isso terminar, uma bruxa, uma deusa, uma sacerdotiza do meu templo particular. Quero sentir minhas entranhas se abrirem e desabrocharem dando uma vida nova a essa criança. Quero sentir a dor, a ardência, o tremor, o prazer e a glória de parir. Quero me sentir mulher."