segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Criando meninos... Parte 1 de "n"

Ser pai, olha que coisa interessante, assustadora, prazerosa, aterrorizante, gratificante, completa. Fazia bastante tempo que queria ter essa experiência, mas como havia outras prioridades e para quem já levou na cabeça "n" vezes antes de aprender a viver (como todo e qualquer mortal), decidimos finalizar outros projetos que estavam em andamento antes de alçarmos esse vôo. Mas o momento chegou. E por mais preparado que você acredite estar, você se vê, subitamente, despreparado.

Então você observa o mundo ao seu redor, conversa com amigos, lê, concentra-se nas relações familiares e vai filtrando suas percepções de certo e errado. Por mais que as pessoas ao seu redor tentem ajudar ou orientar, essa experiência é unicamente sua, e tomar as atitudes certas dependerá somente do seu bom senso, diálogo, paciência e senso crítico. Até por que, "atitude certa" torna-se imensurável, uma vez que o que pode ser certo para mim pode não ser para você. Exemplo: Certa vez conversando com uma pessoa, obtive essa declaração: "Hoje meu filho de 3 anos, levantou e disse que não queria ir à escola uniformizado. Tentei, tentei, mas não consegui convencê-lo. No fim das contas, ele acabou escolhendo a roupa dele e o vesti assim mesmo para não chegarmos atrasados...".
Um rápido entreolhar meu e da Sherol aconteceu por cerca de meio segundo, acredito que imperceptível para os demais, mas é por isso que amo essa mulher: um sabia exatamente o que o outro estava pensando. E estávamos pensando em alto e bom tom: "MEL DELS" ;o)  O uniforme é obrigatório na escolinha, e uma criança de 3 anos, decidira desobedecer aos pais, burlar as regras e pasmem: teve o apoio dos seus progenitores (prefiro usar esse termo, pois acredito que "pais" teriam outro tipo de atitude). Fico pensando que trabalho árduo não terei mais tarde, tendo que educar o meu filho e ensiná-lo a viver num mundo de mau-educados, onde as pessoas desconhecem o "por favor", o "desculpe", o "obrigado", correm o risco de serem mortas em discussões banais de trânsito e burlam regras simples com o apoio de seus pais. Digo regras simples, pois a regra era apenas vestir um uniforme, e como diria seu Flávio (lá em casa conhecido também como "pai" ;o)): "O maior ladrão do mundo, começou roubando um palito de fósforos".

Certa vez em um desses artigos que se recebe por e-mail (geralmente deleto todos, mas como minha irmã me mandou decidi ler e tive uma grata surpresa), cuja autora chama-se Maria Irene Maluf que é Pedagoga, especialista em Educação Especial e Psicopedagogia, li as seguintes frases que me chamaram a atenção e certamente levarei-as como metas:

"crianças são crianças, mãe é mãe, pai é pai, adulto é para ser respeitado porque tem maior experiência e portanto maior poder de discernimento."

"...em todas as situações da vida, há sempre quem manda mais porque têm maior responsabilidade sobre o resultado final. Obedecer é natural, não é crime e não dói: até no mundo dos irracionais é assim."

"Quando o pai proíbe a criança pequena de comer mais um doce, ele pode e deve explicar o motivo, mas “negociar” a ordem está totalmente fora de cogitação. Assim a criança percebe o seu limite, a fronteira e a diferença entre ela e o pai e entende quem manda ali. E ainda mais importante: sente-se mais segura, mais protegida e aprende a viver em sociedade. Aos poucos internaliza a ideia de que há um espaço a partir do qual ela não pode ir, pois será responsabilizada por isso e terá que vivenciar as consequências."

 "Quando os comportamentos já estão arraigados, não resolve ameaçar, castigar, bater. A experiência têm mostrado que explicar detalhadamente as regras e as consequências das ações que as contrariam, parece ajudar efetivamente a internalizar as normas de conduta."

Ou seja, fico imaginando, aquele mesmo garoto de 3 anos que hoje não respeita a autoridade da escola e nem mesmo dos seus pais, daqui há 15 anos, num estádio de futebol, por exemplo. Pior ainda, fico imaginando o Teodoro torcendo ao lado dele no estádio ou pior, contra o time dele. Mas como já disse a tarefa é ardua, mas não intenciono em momento algum fugir dela. Quem quiser o texto acima citado, basta me mandar um e-mail que posso encaminhá-lo.

No meio desse desabafo, gostaria de indicar uma outra leitura muito bacana para quem, como eu, acredita que ser pai vai um pouco além de dar estudo/comida e ganhar presentes no segundo domingo de agosto. O livro chama-se "Criando Meninos" do Steve Biddulph (editora Fundamento), e custa cerca de R$25,00 (out/2009).




É uma leitura leve e muito proveitosa em 165 páginas. Recomendo que você compre e tenha em casa.

É claro que, fora o livro, o importante mesmo é que, independente dos diversos tropeços que aconteçam no caminho, o objetivo seja sempre acertar, tentar educar com responsabilidade. Saber dizer "não" quando preciso e procurar ser justo. O resto a vida ensina.

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